segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Personificação

Personificação divina,anjo que caiu
Alma tão pura,que nunca mais subiu
Para não encontrar o criador
Que criou toda essa dor,esse espaço
Vago no peito,conceito imperfeito
Quanta falta faz essa falta que sente
Que não nota presença,mas se faz ausente
O tempo todo,o todo,o toldo que encobre
Menos o curioso,que descobre
E se cobre de tanto frio...

Eis a personificação do real
Que é tão bom,mesmo fazendo mal
É uma cura,mas não há doença
É a saudade latente,mesmo na presença
De um desconhecido qualquer
Qualquer homem,qualquer mulher
Que já foi,mas se foi,deixou de estar
Se deixou levar pelo acaso
Pelo doce beijo do fracasso
Que é vencer na vida
E viver com essa ferida
Doendo sem cessar,até matar...

Última estrofe dessa minha personificação
Versos deste poema feito com os cacos
Desse grande coração,que carrego por aí
Sem saber pra onde ir,sempre a repetir
Batidas doloridas dessa prazerosa vida!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Desaprender

Aprender para prender
A mente nas grades educacionais
Desaprender para manter
As faculdades racionais

Aprender para depender
Das drogas legalizadas
Desaprender para esquecer
Das aulas programadas

Aprender para ser
Ser útil para quem vende
Desaprender para ser
Entendido por quem quer entender

Aprender para pertencer
Ao círculo social
Desaprender para obedecer
À tua vontade natural

Aprender para saber
E assim lecionar
Desaprender para compreender
A importância de amar
A si mesmo
Mesmo que soe estranho
Pois estranho é negar
Quem tu és,e o que vai fazer
Depois que desaprender a viver...

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A questão

A questão é:Pensar ou fazer
Relembrar ou viver?
A questão não é suportar ou desistir
Levantar ou cair...
A cada tombo uma lição
Professores sádicos,vida dura
Tanta lucidez que beira à loucura!

Paro pra pensar,penso em me render
Pra quê lutar se sei que vou perder?
Pois meu pior inimigo sou eu
A própria crença é o ateu
A dúvida é uma certeza
Que certezas inexistem
Mas as dores persistem
Até você desistir de suportar...

A questão nunca foi ter razão
O vazio sempre foi uma emoção
Cheia de mistérios e critérios
Adultério da realidade,é verdade
Mas que grande mentira,que me tira
Dessa paz momentânea,dessa ausência
Demência minha de cada dia
Como me seduz,e depois judia
Castiga sem a menor piedade
E toda essa serenidade,é uma loucura
Tão convicta,tão invicta
Derrotados somos nós,sempre a sós!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Textura textual

Um idioma me permite escrever
Algo estrangeiro,ninguém vai entender
Mas não tem importância
Não é por receio ou ignorância
Pois só entendemos quando sabemos
Quais são os tais procedimentos
Sem os quais tudo é igual
E não existe textura textual...

Parece pleonasmo,parece absurdo
Pensar que todo esse silêncio é mudo
Mas temos sentidos para nos orientar
E não nos mostrar como as coisas são
Mas temos o poder da imaginação
Pra colorir,inventar e destruir
Tudo que é tangível e possível
Trazendo uma realidade à tona
Levando o absolutismo à lona!

Textura textual,movimento,lamento
Risos e lágrimas,eterno tormento
De sempre estar,sempre querer
E nunca sossegar,nunca entender
Mas que tormento agradável e necessário
Quantas prisões de cunho libertário
Pois quando estou solto,me prendo ao conceito
Quando sinto que existo,sou rarefeito
Tudo é uma ilusão,quem sabe...talvez não
Mas algo persiste,algo insiste...algo existe!

Complemento

Vínculo de liberdade,com serenidade
Luz na escuridão,letra sem canção
Sem um roteiro,sem um prisioneiro
Complemento vital,longe do habitual
Sexo de pensamentos,eternos momentos
De mãos dadas por aí,sem saber pra onde ir
Buscando a presença,mesmo sem existir ausência
Somos um,cada qual um Universo
Em uma sintonia existencial...

Viagem ao nada,nada a temer
Sem contratempos,sem ter o que perder
Uma espiral ramificada,talvez iluminada
Pois somos parte de uma só jornada
Sem intenções específicas,almas irrestritas
Presas apenas aos paradoxos existenciais
E nada mais...

Somos uma rima bem elaborada
Contextualização inesperada
Temos um quebra-cabeça para resolver
Mas não queremos nem saber
Deixe as peças se encaixarem
Deixe o sentido se expressar
Deixe o silêncio insinuar
Não temos pressa,e não nos interessa
Medidas de tempo,determinado movimento
Sempre questionando todo tipo de conceito
Longe de tudo que aparenta ser perfeito!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Contraste

A humanidade é o contraste
Entre o céu e o inferno
O verão e o inverno
E quando chega o outono
Não para de chover...
E a primavera sempre chega
Para que as flores possam crescer
Crescer para morrer,morrer sem saber
Saber sem querer,querer sem poder
Poder pra quê?

Nossa vontade é o contraste
Entre a mentira e a verdade
A crueldade e a solidariedade
Não sabemos pra onde ir
Não sabemos onde chegar
Passamos a vida a subtrair
O que na verdade queríamos adicionar
Ganhamos tempo,perdendo a vida
Abrimos portas,e ficamos sem saída!

O sonho é o contraste
É a ramificação de cada parte
Daquilo que nos falta,mas falta saber
Quais motivos de ser?
O que nos faz continuar?
O que nos faz desistir?
Faz muito calor aqui dentro
Sinto que a eternidade é um momento!

Realidades

Parei por um determinado tempo
Mas o tempo é movimento
Me encontro,mesmo perdido
Me perco por aí,mesmo sem rumo
Já perdi as contas de quantas realidades
Experimentei nessa vida,quantas vontades
Me fizeram de escravo da liberdade
Mas a liberdade não nos cria em cativeiro
E a noite só cai após um dia inteiro
Mas de pé é invisível aos olhos nus...

Realidades que me cercam
Sem fronteiras,sem direção
Alguns frutos da minha imaginação
Prontos para o consumo...
Ou condenados à podridão
De perder a razão existencial
De pender para o bem e o mal!

Quantas realidades posso conceber
Como eu poderia saber?
Quanta dor posso suportar
Até não mais sangrar...
E então sentir que o coração
Bate e quem apanha é a ilusão
Que sempre me levou adiante
Que me mantinha sempre radiante
Perto do fim,e tão longe de mim
Realidades diferentes,das quais somos crentes!