sábado, 27 de agosto de 2011

Nunca mais

Sorrisos de plástico,empacotados e vendidos
Pessoas de massinha,sem graça nenhuma
Tudo tão igual e tão normal,tudo tão linear
Formatos e procedimentos,todos estão atentos
Ninguém quer se prejudicar,nem se tornar
Simplesmente uma alma decadente
Neste mundo de impérios vis e absurdos...

Nunca mais verei a tua sombra passeando
Pelos vales verdes,e depois voltando
Nunca mais chamarei o teu nome 
Nunca mais meus olhos brilharão
Quando de longe eu te reconhecer
Nesta fútil multidão...

Sei o quanto dói partir
Depois de tanto persistir
Sei que é complicado e errado
Estar certo de que tudo irá durar
Para sempre...ou sempre que quiser...

Nunca mais terei de volta este pedaço
Do que chamo de alma no espaço
Nunca mais saberei diferenciar
O que é real e tangível
Daquilo que é impossível
E invisível...
Nunca mais,e muito menos
Levarei uma grande vida pela frente
E me esquecerei de como somos pequenos!

sábado, 20 de agosto de 2011

Cicatrização

As vezes dói,as vezes não
As vezes é sono,as vezes é ilusão
As vezes quero saber,quero dizer
As vezes não sei mentir,nem fingir...

A noite caiu e com ela veio o impacto
De enxergar o invisível e vislumbrar o acaso
Um ritual diário de alienação da multidão
E novos conceitos surgem dessa cicatrização
De feridas não muito queridas
E batalhas que não valeram de nada!

Já acreditei no inacreditável
Já imaginei o inimaginável
Já tornei possível o impossível
Já purifiquei o que era terrível
Mas para mim tanto faz acreditar
Tanto faz viver quanto sonhar
É uma alucinação que me consome
E me faz sorrir,chorar,vibrar e explodir!

A dor que sinto a presença,mas não a ausência
A saudade que sinto,mas nunca omito
O passado inesquecivel e incorrigivel
De um sopro de pureza na terra da avareza
Um rabisco sem sentido e sem pretensão
Um buraco aberto no espaço/tempo
E uma perpétua e severa cicatrização
Da alma e do coração...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Viagem sem destino

De malas prontas e não tão pronto assim
Despreparado e desesperado do início ao fim
Com medo de temer o que não conheço
Com receio de aceitar o que não mereço
De avião,de carro,de trem ,de ônibus,de submarino
As horas não importam,estou em uma viagem sem destino!

Estou sem tempo para esquecer
Estou sem coragem para viver
Preciso de uma dose exata de incerteza
Preciso encontrar a linha tênue da avareza
Sei que não saberei,sei que não entenderei
Sei que não faz diferença,que é tudo uma só crença
No absurdo,no improvável...no interesse notável
O tributo é astuto,o desejo é impuro!

Hoje sou homem,um dia fui menino
Sou o resultado errado,inexato
Dessa viagem sem destino...
O reflexo no espelho da sua concepção
O fluxo mágico,o exilado,a maldição!

Nas entrelinhas,nas manchetes especiais
Nas telas do cinema,sempre iguais
Eu passo e com passos delicados
Eu sigo fora do foco,fora do ar
Por tempo indeterminado,para não sei quando
Para lá ou para cá,quiçá parado,ou caminhando
Rumo ao novo mundo do mofo passado e enterrado
Numa viagem sem destino,preso no sonho encantado!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

O tudo e o nada

O que te satisfaz,o que lhe apraz
O que vem pela frente,o que ficou para trás
O livro vital aberto,a página virada
O muito pouco,o não suficiente
O tudo e o nada...

O quase certo,o quase errado
O mal exemplo,o bombom
O bem malvado...
A total impressão da parcial convicção
A turva imaginação da perfeita alucinação
O calar do silêncio, a frase abstrata e calada
O caminho traçado,o tudo e o nada!

As rosas sem cheiro,o gosto deturpado
Sentidos específicos,o semblante alterado
O desespero abraçado,a verdade transformada...
Em mentira,em crença,em uma letal doença
A mente demente,o brasão da razão
Inesquecível momento,leve relaxar...tormento!

A cada dia perdido,uma conquista criada
Para enfeitar a estante da alma estagnada
Presa na carcaça física,limitação divina
Necessidades básicas,rotina cretina
O grande cerco,o pequeno detalhe,a cilada
O plano quase perfeito,o tudo e o nada
A mancha no rascunho humano,superficial
O atrito do conhecido com o sobrenatural!